O número π é mais que irracional

Meu professor de Cálculo I era um personagem. Homem de hábitos e trejeitos, suas aulas foram uma transição brusca do colégio para a universidade. Lembrei-me dele nesse Pi Day por uma cena de suas aulas.

Óculos fundo-de-garrafa, camisa branca e calças cinza eram o seu uniforme. Pontualmente iniciava e pausava a aula para fumar. No quadro ia e vinha um grande trem de pensamentos matemáticos. A pausa nunca foi suficiente para alcançar o bonde perdido.

Era como atravessar mata fechada. Uma vez, mais de uma hora de equações que não faziamos ideia de onde iam dar, chegamos a uma clareira: o número de Euler — ele escreve de cor mais de uma dezena das casas decimais.

E nos embrenhávamos nessa mata sem lanternas. Foi um semestre sem ver um gráfico que representasse o que provávamos. Aliás, no último mês um colega pergunta se ele poderia desenhar, no que ele responde “pois não”. Ué, bastava pedir?

Boa parte do que aprendi já não lembro, mas uma coisa nunca esqueci: “o número π é mais que irracional, é transcendental!”